terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Surdez: duas realidades interpretativas

A Surdez pode ser interpretada pela perspectiva Clínico-terapêutica e Socioantropologica. Ambas estas perspectivas são distintas, defendendo ideais diferentes, cada um com o seu ponto de vista mas, ambas se centram na integração da comunidade surda na sociedade.

Clinco-terapeutica
Centra-se numa visão patológica do défice auditivo. A surdez é encarada como uma doença e, ou uma deficiência que gera incapacidade. É feito um diagnóstico e, depois de criar condições para a recuperação da audição, é imposto como objectivo, a transformação do Surdo em ouvinte criando uma aproximação à “normalidade”, ou seja levar o indivíduo a oralizar para se aproximar e integrar na comunidade ouvinte.
Neste ponto de vista a Língua Gestual (LG) é vista como uma entrave que não ajuda no desenvolvimento da língua oral por ser um conjunto de gestos e ser carente de estrutura gramatical. Vê a educação numa perspectiva meramente quantitativa. Encarando a surdez com indiferença ao sentimento da pessoa Surda por ser apologista da fala, do oralismo e da igualização à pessoa ouvinte.

Socioantropologica
A surdez é encarada como diferença. Encara o Surdo como um ser humano que possui uma cultura Surda caracterizada por questões sociais, educativas, políticas e linguísticas.
Esta perspectiva tem como objectivo garantir o acesso dos Surdos à Língua Gestual que é a sua língua natural. Defende que privar a criança Surda do contacto com a LG é priva-la do contacto com a cultura Surda, bem como a sua construção identitária que permite a aceitação e consciencialização da sua diferença. Cria hipóteses que proporcionam à criança Surda condições de desenvolvimento de acordo com o meio onde vivem. A família de onde provêem (ouvinte/surda) e dos meios educativos disponíveis para a criança Surda.
Os ideais na educação da criança Surda centram-se nos potenciais, devem ser explorados ao máximo. O bilinguismo e o biculturalismo é definido para que a criança Surda possa usar a LG como sua primeira Língua e poder usar a sua identidade Surda para se integrar na Comunidade ouvinte. Aqui fica assente que o défice auditivo não é fulcral no processo de aprendizagem mas sim a LG, ela é que constitui esse ponto pois é a LG que desempenha, fundamentalmente, a identificação sociocultural bem como no contexto educativo.

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